Cidadãos reprovados estariam registrados como funcionários da prefeitura, apesar de estarem desligados do órgão
Devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, muitos cidadãos estão enfrentando dificuldades financeiras, uma vez que diversos empregos formais ou informais foram perdidos. Para tentar amenizar a situação da população, o governo federal promoveu a distribuição do auxílio emergencial de R$ 600, voltado para atender trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados enquanto o surto da Covid-19 durar.
Em contrapartida, os relatos de não contemplação do benefício por quem precisa são recorrentes. Moradores do município de Ituberá, a aproximadamente 350 km de Salvador, contaram ao PNotícias que mais de 100 pessoas tiveram a solicitação negada por supostamente estarem empregadas na prefeitura. Além de afirmarem que foram desligados do órgão há cerca de dois anos, os cidadãos ressaltaram o fato de Alessandra Gama, esposa de Neto Baé, vice-prefeito do munícipio, aparecer na lista dos aprovados para recebimento da quantia.
Rosana, uma das denunciantes, contou ao PNotícias que deixou de trabalhar na Prefeitura de Ituberá em agosto de 2019 e, desde então, encontra-se desempregada. A moça relatou que tem enfrentado algumas dificuldades durante o período de pandemia, principalmente por ter contraído o vírus que já causou nove óbitos na cidade.
A mulher contou à reportagem que fez a solicitação do auxílio emergencial cerca de dez vezes, sendo a primeira tentativa em março, no início do período de isolamento social. “Logo no início eu tentei [receber o benefício], mas ‘tava’ dando que eu tinha algum tipo de renda, fui negada”, explicou.
A denunciante explicou também como descobriu que a impossibilidade de ser uma beneficiária estava sendo causada pelo fato de ainda estar registrada como servidora municipal: “Eu soube quando fiz o auxílio, quando fui consultar. Mandei o comunicado para o promotor e ele mandou eu procurar a secretaria de Assistência Social. Disseram que iam tirar meu nome, mas não tiraram.”
“Fez dois meses que eu contraí o vírus e tô tendo muitos gastos, é muito remédio, preciso ir à psicóloga... Ainda sinto alguns sintomas, muita falta de ar e enjoo e só não ‘tô’ passando por mais dificuldades porque tenho pessoas que me ajudam, mas é complicado”, detalhou.
Procurada pelo PNotícias, a esposa do vice-prefeito afirmou que desconhecia o recebimento do valor de R$ 1.200, mas, após verificar, realizou o estorno. Alessandra justificou que o dinheiro foi depositado em uma conta a qual ela não movimentava.
“Inclusive, a gente tem um problema com o site do próprio governo, do Ministério da Cidadania, que eles não estão cancelando, existe uma opção, de que quando você ‘pega’ a devolução eles não cancelam [o cadastro]. E aí eu estou monitorando e tudo que vem sendo debitado é devolvido”, disse. Alessandra também informou que “já está averiguando para ver como ocorreu e o porquê que aconteceu” o depósito do benefício em seu nome.