Associação dos Peritos Criminais Federais (ACPF) diz que já foram elaborados mais de 70 laudos periciais sobre diversos aspectos relacionados à tragédia
A tragédia de Brumadinho que ocorreu com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, pertencente à mineradora Vale, completa um ano neste sábado (25). Dentro deste período, o trabalho dos peritos criminais foi de extrema importância para o conhecimento dos motivos que levaram à tragédia. De acordo com a Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), de janeiro de 2019 até o momento, já foram elaborados mais de 70 laudos periciais sobre diversos aspectos relacionados ao episódio.
Responsável pelas perícias realizadas no local onde ocorreu o desastre, a APCF prestou contas sobre o resultado das análises: “A Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF) manifesta solidariedade às famílias das vítimas da tragédia de Brumadinho, que completa um ano neste sábado (25/01). Aproveitamos a ocasião para prestar contas do trabalho que os peritos criminais federais, responsáveis pela atividade de criminalística da Polícia Federal, realizaram para apontar, de forma científica, as responsabilidades e as consequências do rompimento da barragem”, conta.
Ainda de acordo com a associação, desde janeiro de 2019 os laudos vêm sendo elaborados e já somam mais de 70: “A perícia criminal federal já concluiu mais de 70 laudos periciais sobre diversos aspectos relacionados ao episódio. Participaram das análises forenses mais de 100 peritos criminais federais especialistas em áreas como engenharia legal, meio ambiente e local de crime. Foram produzidos e entregues, ainda em 2019, três laudos e um parecer técnico que demonstram, especificamente, as causas do rompimento e as responsabilidades pela tragédia”, explica.
Um laudo entregue em junho do ano passado descreve o alto risco de falha que a barragem apresentava, pelo menos 20 vezes maior que o máximo aceitável pelos critérios internacionais de segurança.
“Isso deveria ter motivado a suspensão da operação da barragem e o acionamento do plano de ação de emergência para retirada das pessoas. Além disso, o laudo mostra que a barragem não poderia ser considerada estável e que o atestado de estabilidade continha informações inverídicas, havendo omissão na questão de segurança da estrutura”, afirma a associação.
A APCF considera que a atuação dos peritos criminais foi ágil desde as primeiras horas do ocorrido e explica ainda que logo no dia seguinte ao rompimento da barragem, um grupo de peritos da Polícia Federal já estava no local da tragédia colaborando com o trabalho de identificação das vítimas e recolhendo os vestígios necessários para a investigação científica das causas e consequências do desastre.
“A recente denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público de Minas Gerais corrobora as evidências de materialidade e responsabilidades apontadas nos laudos periciais concluídos em 2019. Essa é uma demonstração de que o investimento na polícia científica e na prova pericial é fundamental para que se tenha uma Justiça célere e eficaz”, informou em nota.
O presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo, responsável pelo comunicado emitido, falou ainda sobre o que espera após o acontecimento de mais um desastre ambiental: “Esperamos que, após mais uma tragédia, lições possam ser apreendidas para que possamos ter desenvolvimento necessário para o país crescer com proteção e respeito à vida das pessoas e à preservação do meio ambiente”.