Para promotor, ex-ministro estará na rua em 15 dias
Após testar positivo para o novo coronavírus (Covid-19) e receber do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (15), uma liminar para cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro Geddel Vieira Lima foi levado ao seu apartamento, no bairro do Chame-Chame, em Salvador, onde deve continuar cumprindo pena. Geddel está preso desde 2017 por lavagem de dinheiro e ação criminosa. Para o promotor de Justiça Davi Gallo, no entanto, o STF foi benevolenre e não vai demorar muito para que o ex-ministro seja visto nas ruas: “Coloquem alguém aí na Barra pra você ver se ele não vai estar caminhando por lá”, sugeriu.
Em entrevista ao programa PNotícias, da Piatã FM, na manhã desta quinta-feira (16), o promotor disse ainda que o teste positivo pra Covid-19, realizado por Geddel, seria uma espécie de motivo para que ele fosse liberado: “No Brasil, há muito tempo, o Estado vem procurando pequenos ou grandes motivos para liberar preso. Segundo eles, ele fez um teste, testou positivo e, por esse motivo, não poderia ficar detido. Engraçado, o que nos impõe à sociedade é o o isolamento social. Mas o preso não pode ficar isolado socialmente, ele tem que ir pra casa. Ir pra casa não existe coisa nenhuma. Eu não dou 15 dias. Coloquem alguém aí na Barra pra você ver se ele não vai estar caminhando aí pela Barra. Porque não existe o controle das atividades de nenhum preso desse Brasil. É lei pra inglês ver. Na verdade, é uma medida de benevolência, que revolta a sociedade”, afirmou.
“Aquele homem foi preso acusado por suspeita de vários crimes de corrupção. São mais de R$ 60 milhões que foram encontrados com ele e até hoje, ele preso esse tempo todo, não diz a origem desse dinheiro. Embora nós saibamos que a origem é o dinheiro nosso pago, de imposto”, aponta sobre o ex-ministro.
Gallo também acredita que tudo não passa de uma “conversa para colocar bandido na rua”: “Ele foi pra casa. Na reportagem, pediu quatro pizzas. O hipertenso, grupo de risco. Mas eu lhe garanto que tinha whisky 30 anos, tinha champanhe. Na verdade, o que houve naquele apartamento hoje foi uma grande festa. Isolamento social nenhum. Isso é conversa pra botar bandido na rua. E da mesma forma que coloca ele na rua, coloca uma série de bandidos. Estão colocando uma série de bandidos no meio da rua”, reiterou.
O promotor disse ter ficado assustado com os poucos casos que têm chegado às suas mãos nesse período de pandemia: “A gente está vendo gente morrendo. Morrendo no meio da rua. Aí quando morre em confronto com a polícia aparece, mas o bandido matando bandido pra tomar território e matando integrantes da sociedade, carentes, nas comunidades, ninguém fala”, relatou.
“Ele foi colocado na rua por uma medida benevolente. Como ele e vários outros corruptos estão sendo colocados na rua”, continuou sobre Geddel.
Tornozeleira
De acordo com o promotor, a tornozeleira que deve ser utilizada pelo ex-ministro durante a sua prisão domiciliar é uma espécie de “objeto pra inglês ver”, já que, segundo ele, não há equipamentos suficientes para os presos que estão sendo liberados.
“As categorias que estão na rua hoje são latrocida, estuprador, assaltante. Todo tipo de criminoso está sendo colocado na rua. Aí joga a desculpa da Covid-19, porque é grupo de risco. O criminoso no presídio está isolado socialmente. Lá existem postos médicos, é só ampliar a rede. Se tiver que se fazer um distanciamento, que se faça lá dentro. Não é colocar a sociedade à mercê do criminoso”, destacou.
“Aí você se depara com situações esdrúxulas, de cidadãos sendo algemados, quando o Supremo diz que bandido não pode ser algemado. Mas o cidadão pode ser algemado e jogado numa viatura”, concluiu.