“A Justiça está liberando geral”, alerta promotor à população
O promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Davi Gallo, criticou as decisões judiciais que têm concedido liminar de prisão domiciliar a diversos presos durante o período de pandemia decorrente do coronavírus (Covid-19). Para ele, a sociedade está à mercê da criminalidade já que a Justiça vem “liberando geral”. Gallo ainda fez referência à última decisão da Justiça a respeito da prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, que passou a cumprir pena em domicílio desde a última quarta-feira (15). “Rico não fica na cadeia não”, afirmou o promotor.
Em entrevista ao programa PNotícias, da Piatã FM, Gallo conta que diversos chefes de facções criminosas da Bahia estão sendo liberados todos os dias: “Eles estão chegando nas comunidades na bala, aterrorizando e matando pessoas. A Polícia Militar ontem teve que tomar o bairro que já estava dominado por eles e nossas autoridades ficam de mãos atadas. Se você parar pra reparar, a Polícia Militar fica surpreendida com uma situação dessas. Não existe nem prevenção”, disse.
O promotor falou ainda sobre o trabalho e o risco de exposição dos representantes do MP diante da tentativa de manter esses criminosos presos: “Nós do Ministério Publico enquanto promotores de Justiça, nós lutamos, nós brigamos mesmo. Nos expomos. Eu mesmo tenho varias ameaças de morte por conta disso, pra manter esse pessoal preso. Pra que a sociedade tenha o mínimo de segurança que ela não tem. A sociedade está à mercê da criminalidade”, aponta.
Para ele, o Supremo está utilizando medidas para abrir as portas do presídio e “liberar geral”: “São medidas que vocês não têm o conhecimento por não é do interesse que a sociedade saiba. Agora eu só queria saber onde está a responsabilidade social dessas pessoas que são responsáveis pela segurança”, conta.
“Nós estamos vivendo um período ultimamente que é surreal. O estado preocupado com o criminoso que está isolado socialmente, colocando na rua e mandando cidadão de bem ficar dentro de casa confinado. É preciso que se ouça a sociedade. A sociedade não é ouvida”, reiterou.
O promotor pediu ainda que população comece a cobrar atitudes das autoridades: “Rico não fica na cadeia não. Aquele pobre que muitas vezes é um infeliz que, se duvidar, a maconha ele comprou pra fumar, não era nem pra vender, morreu da Covid-19. Mas um homem que tem 60 e tantos milhões escondidos dentro de casa e até hoje não se sabe a origem, está no aconchego do seu lar”, disse, se referindo ao ex-ministro Geddel Vieira Lima.
“Tudo nesse país nunca foi tão a propósito dizer: termina em pizza. A prisão de Geddel Vieira Lima terminou em pizza. Regada a champanha e whisky com certeza. Nós não estávamos lá mas sabemos disso. Mas isso só quem pode provar é a população. A única coisa que eu posso dizer é que tomem cuidado. A Justiça está liberando geral”, completou.
“Agora basta ser rico pra ir pra rua. Torço que ele volte pra cadeia, mas acho muito difícil”, concluiu Davi Gallo.