Vítima teve cirurgia gratuita após postar sobre agressão nas redes sociais
Após dois meses de ser agredida e ter seu nariz cortado pelo seu marido, a afegã Zarka, de 28 anos, já tem alguns motivos para comemorar. A afegã recebeu uma cirurgia gratuita do médico Zalmi Khan Ahmadzai após ele descobrir do caso dela através das redes sociais. Zarka, neste momento, já pôde ver seu novo nariz, mesmo que ainda esteja com alguns pontos e coágulos de sangue.
Zarka, que vivia em um relacionamento abusivo desde os 18 anos, quando casou, – um casamento arranjado por seu tio quando ela ainda era criança –, contou ao portal BBC Brasil que, mesmo seu marido sendo violento desde o início da relação, jamais pensou que a situação chegaria nesse ponto.
Zarka conta também que já tentou fugir algumas vezes, mas acabava voltando, pois seu marido garantia a sua família que ela ficaria segura. Alguns vizinhos também já ajudaram Zarka em alguns momentos por causa dessa relação.
Falando sobre o dia da agressão, ela relembra: “Ele me segurou agarrando minhas roupas, dizendo: 'Para onde você está fugindo?”. “Havia um pequeno jardim, e ele sacou uma faca e cortou meu nariz”, conta.
O marido de Zarka foi preso e sua história foi parar nas redes sociais, chamando atenção do médico Zalmai Khan Ahmadzai, um dos poucos cirurgiões no Afeganistão especializados em reconstrução facial, que ofereceu a afegã uma cirurgia gratuita para resolver o seu problema.
"A operação dela correu muito bem. Não houve infecção - um pouco de inflamação, mas isso não foi um problema", explica Zalmai.
Zarka aprovou o resultado: “Quando me vi hoje no espelho, o nariz se recuperou muito”.
Zalmai afirma que normalmente teria cobrado cerca de US$ 2 mil (R$ 10 mil) pelo procedimento. Além disso, forneceu cerca de US$ 500 (R$ 2.645) em medicamentos necessários para a recuperação dela.
Contudo, Zarka, que não sabe nem ler e nem escrever, ainda não tem dinheiro para as outras cirurgias que ela ainda pode precisar e para um implante de silicone para que seu nariz possa voltar como era antes. Mas, a maior preocupação da afegã é o seu filho que tem seis meses e que, neste momento, está com a família do seu marido. “Sinto muito a falta dele, sempre que como alguma coisa, ele vem à minha mente”, ela diz.
Seu pai e tio temem pela vida de Zarka em relação à guarda do menino. Os familiares temem que o agressor vá atrás de Zarka em busca da criança. Eles aconselham Zarka a não lutar pela guarda.
“Eles estão dizendo para deixar o menino", diz Zarka. "Mas eu não posso fazer isso”, conclui.