Interlocutores avaliam que situação de Fábio Wajngarten é difícil
O cargo de secretário especial da Comunicação Social (Secom) da empresa do presidente Jair Bolsonaro, a FW Comunicação e Marketing, pode estar disponível. Porque o presidente convocou uma reunião nesta quarta-feira (15), com o intuito de discutir o afastamento do atual secretário Fábio Wajngarten. Interlocutores do governo avaliam que situação do secretário é considerada difícil.
De acordo com o Globo, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, já teria alertado ao presidente que, se Wajngarten não fez declarações oficiais corretamente sobre vínculo com empresa, o único caminho, segundo ele, é que peça para deixar o governo. Contudo, oficialmente, a saída de Wajngarten do governo não é cogitada.
A reunião do presidente ocorre após o jornal "Folha de S.Paulo" revelar que a empresa da qual o secretário é sócio tem contratos em vigor com emissoras de televisão e agências de publicidade que recebem verbas do governo federal. O objetivo é debater se uma eventual saída da empresa seria o suficiente para mantê-lo no cargo.
O presidente pediu para Wajngarten apresentar todos os documentos relativos à empresa. Além do próprio secretário, devem participar da reunião alguns dos principais auxiliares do presidente, como os ministros Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, pasta à qual a Secom é subordinada. Após a publicação da reportagem, Ramos defendeu Wajngarten em uma publicação no Twitter, dizendo confiar em seu trabalho.
Nesta sexta-feira (17) o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) vai acionar a Corte com uma representação pedindo que a distribuição de verbas de publicidade do governo federal obedeça a critérios técnicos. A representação vai pedir uma medida cautelar, ou seja, de cumprimento imediato. Caso seja aceita pelo Tribunal, a regra terá validade para toda a administração federal.
A Secom afirmou através de nota divulgada para defender o secretário, que "a lei determina que ao ocupante de cargo público basta se afastar da administração, da gestão da empresa em que é acionista para poder exercer a função para qual foi nomeado" e classificou a reportagem de "mentira absurda" e "ilação leviana".
A “Folha de S. Paulo” mostrou que Wajngarten, mesmo depois de assumir a Secom, permaneceu com 95% das cotas da FW Comunicação e Marketing. A empresa recebeu, no ano passado, R$ 9.046 mensais da Band (aproximadamente R$ 109 mil por ano) por serviços que incluem estudos sobre anunciantes do mercado e a checagem se peças publicitárias foram de fato veiculadas. Do dia em que Wajngarten assumiu a função até o fim do ano de 2019, a Band recebeu do governo federal 12,1% da verba de publicidade destinada às emissoras abertas, de acordo com a reportagem. No ano anterior, a fatia havia sido de 9,8%. A emissora foi procurada pela reportagem que não obteve resposta.
A empresa do titular da Secom também recebeu R$ 4.500 por mês da Propeg, agência de publicidade que tem contrato com a Caixa Econômica Federal. Ainda segundo o jornal, a FW Comunicação e Marketing foi paga por outras duas agências contratadas pelo banco: a Artplan e a Nova/SB. Em agosto do ano passado, Wajngarten prorrogou por mais um ano o contrato da Secom com a Artplan. O acordo inclui outras duas agências e está orçado em R$ 127,3 milhões.