Durante a eleição presidencial da argentina, em 2019, Bolsonaro e Fernández trocaram críticas
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o argentino Alberto Fernández devem se encontrar no início de março. Eles devem protagonizar uma reunião bilateral durante a viagem que os dois farão para a posse do novo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou. Quem informa é o chanceler argentino, Felipe Solá, que esteve nessa quinta-feira (13) com Bolsonaro no Palácio do Planalto.
De acordo com o Estadão, Solá disse que a proposta partiu de Bolsonaro, que declarou ter o interesse de falar reservadamente com Fernández. "Falamos sobre o futuro, falamos sobre a possibilidade de que se encontrem (Bolsonaro e Fernández) em 1º de março no Uruguai", disse.
Em 2019, os presidentes trocaram farpas durante a eleição presidencial argentina. Porém, após a posse de Alberto Fernández, Bolsonaro convidou o argentino para vir uma visita ao Brasil. O chanceler argentino acredita que o encontro no Uruguai funcionaria como "um passo intermediário".
Segundo Solá, os dois presidentes concordaram que, quando se trata do Mercosul, Brasil e Argentina não querem "olhar para trás". "O Mercosul deve ser renovado, olhar para o mundo, e apoiamos o acordo do Mercosul com diferentes regiões", declarou Solá. O argentino declarou ainda que seu país adotará uma posição “pragmática e realista" nas relações bilaterais com o Brasil.
Durante o período eleitoral Bolsonaro declarou apoio à reeleição de Mauricio Macri e fez ataques à vice na chapa de Fernández, a ex-presidente Cristina Kirchner. Essa atitude deixou a relação entre eles estremecida. Fernández, por sua vez, provocou o presidente brasileiro quando Lula foi solto.
Em declaração conjunta o chanceler argentino e o brasileiro, Ernesto Araújo, reafirmaram compromisso de fortalecimento do Mercosul e apoios nas áreas de segurança e no combate ao crime organizado.
Solá indicou que o governo de Fernández não colocará barreiras para o avanço do bloco para o restante do mundo. "Entendemos que o Mercosul, para crescer, precisa fazer acordo para o livre-comércio com outros países. Israel, América Central, Líbano, Cingapura. Temos de ter a mente aberta para os acordos e vamos tratar de não ser um entrave", disse.
Negociações
Em 2019, o Mercosul encerrou suas negociações de parcerias comerciais com a União Europeia (UE) e com a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta), que reúne também Noruega, Suíça e Islândia.
Por sua vez, Araújo disse que tem a "convicção e a expectativa de contar com a parceria da Argentina para consolidação do Mercosul". "Brasil e Argentina estão na mesma página em crescimento, segurança e valores democráticos", afirmou.