Nos bastidores, os deputados estaduais não têm visto com bons olhos manobra considerada desleal do presidente da AL-BA para se manter no cargo
Atual presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado Nelson Leal (PP) manifestou interesse em disputar a reeleição para o cargo. A fala não soou muito bem por dois motivos. O primeiro deles, é que para fazer isso ele teria que mudar o regimento da Casa, que desde 2017 proíbe a reeleição; o segundo ponto é que antes de sua eleição foi selado um acordo entre ele e o deputado Adolfo Menezes (PSD), sob a bênção do governador Rui Costa, para que Menezes fosse o próximo presidente.
Depois de ter manifestado o interesse duarante uma entrevista, Leal justificou que o ano de 2020 foi perdido em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o que, para ele, lhe daria direito a mudar o desenho político que já havia sido traçado. A atitude, claro, não agradou a Adolfo. O parlamentar se limitou a dizer, pelo menos publicamente, que o argumento de Leal não se sustenta e rebateu o posicionamento do presidente defendendo que os gastos na Assembleia não mudaram e que o dinheiro não diminuiu. Porém, Menezes tem evitado se manifestar publicamente sobre o caso para evitar um racha na base do governo.
Publicamente o governador não deu uma palavra sequer sobre o assunto. Mas o petista, segundo matéria do site BNews, teria confidenciado a interlocutores que "acordo é acordo", ou seja, que cabe a Leal cumprir o que foi acertado.
Procurado pelo PNotícias, Nelson Leal preferiu se calar sobre o assunto. Não atendeu às ligações da reportagem e sua assessoria se limitou a responder que “o presidente, infelizmente, não se manifesta sobre esse tema”. O PNotícias também tentou contato com o deputado Adolfo Menezes, entretanto não obteve retorno em relação aos questionamentos.
Entre os pares na Assembleia Legislativa da Bahia a gestão de Nelson divide opiniões, porém, nos bastidores, os deputados estaduais não têm visto com bons olhos manobra considerada desleal do presidente da AL-BA para se manter no cargo. Boa parte da Casa torceu o nariz para a fome do presidente pelo poder. Afinal, depois de Marcelo Nilo, que ficou durante dez anos consecutivos na presidência da AL-BA, há o receio de que Leal tenha se inspirado no ex-colega e queira se perpetuar no poder.