A maioria destes bichos morreram por asfixia, pois o óleo se liga às brânquias e às guelras
As manchas de óleo que atingiram a região Nordeste no mês de setembro e atingiram a Bahia na última quinta-feira (10), além dos rastros na areia da praia está destruindo a vida marinha na região. O projeto Tamar recebeu 10 filhotes de tartarugas mortos e encharcados de óleo, além de peixes asfixiados e crustáceos cobertos de preto.
Segundo o Correio, em um levantamento do Projeto Tamar, os primeiros registros de tartarugas mortas começaram na semana passada, na Bahia. Dois filhotes foram resgatados com vida e passarão por uma reabilitação antes de serem soltos no mar.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem outros dados. Segundo o órgão federal, foram registrados 14 animais marinhos mortos na região, sendo duas tartarugas na Bahia. Outras três tartarugas foram resgatadas sujas de óleo no estado, mas com vida e também passarão com reabilitação.
O Projeto Tamar explica que o processo para recuperar esses animais envolve a retirada dos resíduos, além de submetê-los a fluidoterapia e utilização de anti-tóxicos. No caso dos filhotes, o cuidado precisa ser ainda maior, porque eles são mais frágeis e suscetíveis aos efeitos físicos e tóxicos das manchas de óleo, por estarem iniciando o seu desenvolvimento.
“Eles ficam presos no óleo. Com esse contato, estão expostos a gases emitidos pelo petróleo cru, principalmente quando expostos ao sol”, esclarece o biólogo Maurício Cardim. Segundo ele, o material esquenta muito rápido e a temperatura elevada desencadeia um processo químico que gera intoxicação.
Em nota postada no site do Projeto Tamar, a instituição afirma que as equipes têm intensificado o monitoramento da situação para garantir que os filhotes que eclodem em ninhos nas praias não fiquem presos no óleo. Nos locais mais afetados, as tartarugas são retidas e liberadas ao mar a partir de uma avaliação diária da situação das praias, fornecida pelos órgãos responsáveis. Assim, os animais são levados a áreas de menor risco para serem soltos.
A equipe do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que esteve ao local coletou 18 animais mortos para realizar a necrópsia, como lagostas, camarões, mexilhões, lesmas do mar e corais. Segundo o diretor da unidade, Francisco Kelmo, 80% destes bichos morreram por asfixia, pois o óleo se liga às brânquias e às guelras, e os corais ficam recobertos pelo resíduo.