Justiça

MP afirma que Vale e TÜV SÜD emitiam declarações falsas de estabilidade de barragens

21 de Janeiro de 2020 às 17h45 - Por: Redação PNotícias Foto: Adriano Machado/Reuters
[MP afirma que Vale e TÜV SÜD emitiam declarações falsas de estabilidade de barragens]

Órgão diz que mineradora sabia que pelo menos dez estruturas estavam em 'situação inaceitável de segurança'

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) afirmou em entrevista coletiva que a Vale e a empresa de consultoria TÜV SÜD emitiam falsas declarações de condição de estabilidade (DCE), de pelo menos dez barragens, listadas como de "top 10". Nessa lista consta a a B1, que se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no dia 25 de janeiro de 2019, matando 270 pessoas.

"Era uma lista mantida sigilosamente, internamente, pela Vale. Uma lista de barragens em 'situação inaceitável de segurança'. Era assim que eram reconhecidas ao menos essas dez barragens geridas pela Vale", disse coordenador do núcleo criminal da força-tarefa do Ministério Público, William Garcia Pinto Coelho.

De acordo com o G1, o MP denunciou nesta terça-feira (21) Fabio Schvartsman, ex-presidente da Vale, mais 15 pessoas e as empresas Vale e TÜV SÜD pelo crime de homicídio doloso, quando há a intenção de matar.

A denúncia foi entregue a justiça na manhã desta terça-feira, pela força-tarefa que investiga o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O Ministério Público afirma que a ocultação de informações sobre barragens acontece desde novembro de 2017. "Se utilizaram da empresa para promover uma gestão de riscos opaca", disse o promotor.

A força-tarefa acredita que havia uma "caixa-preta" na Vale que omitia o real risco de algumas de suas estruturas. "Depois do rompimento da B1, diversas medidas se seguiram notadamente nas comarcas de Cocais, Mariana, Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto, Sabará, direta ou indiretamente com que já se reconhecia internamente pela Vale em conluio com a TUV", disse o promotor. A Vale possui barragens nestas cidades com níveis de alerta que vão do 1 ao 3.

Há quase um atrás, no dia 25 de janeiro de 2019, a barragem I da Mina do Córrego do Feijão se rompeu deixando 270 vítimas. Destas, 259 foram identificadas pela Polícia Civil de Minas Gerais. Os bombeiros ainda procuram 11 desaparecidos, na maior operação de buscas do país.

Em nota, a TÜV SÜD disse que está oferecendo "cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento".

Até o finalizar da reportagem a Vale não forneceu nenhum retorno ao contato. As defesas dos denunciados também foram procurada e ainda não se manifestaram.

Denunciados

Vale:
Fabio Schvartsman (diretor-presidente);
Silmar Magalhães Silva (diretor do Corredor Sudeste);
Lúcio Flavo Gallon Cavalli (diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão);
Joaquim Pedro de Toledo (gerente-executivo de Planejamento, Programação e Gestão do Corredor Sudeste);
Alexandre de Paula Campanha (gerente-executivo de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (gerente operacional de Geotecnia do Corredor Sudeste);
Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas);
César Augusto Paulino Grandchamp (especialista técnico em Geotecnia do Corredor Sudeste);
Cristina Heloíza da Silva Malheiros (engenheira sênior junto à Gerência de Geotecnia Operacional);
Washington Pirete da Silva (engenheiro especialista da Gerência Executiva de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro civil, atuava na Gerência de Gestão de Estruturas Geotécnicas).

Tüv Süd:
Chris-Peter Meier (gerente-geral da empresa);
Arsênio Negro Júnior (consultor técnico);
André Jum Yassuda (consultor técnico);
Makoto Namba (coordenador);
Marlísio Oliveira Cecílio Júnior (especialista técnico).

Nota da TÜV SÜD na íntegra

"A TÜV SÜD continua profundamente consternada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias.

Um ano após o rompimento, suas causas ainda não foram esclarecidas de forma conclusiva.

Como era esperado, as investigações levam um tempo considerável: muitos dados de diferentes fontes precisam ser compilados, apurados e analisados. Por esse motivo, as investigações oficiais continuam.

A TÜV SÜD reitera seu compromisso em ver os fatos sobre o rompimento da barragem esclarecidos. Por isso, continuamos oferecendo nossa cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento.

Enquanto os processos legais e oficiais ainda estiverem em curso, e até que se apurem as reais causas do acidente de forma conclusiva, a TÜV SÜD não poderá fornecer mais informações sobre o caso"
 

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